Mantra, Pratique

Como Usar a Japamālā

O sânscrito tem 54 letras. Ascendendo e descendendo temos 108. A é a primeira letra, o primeiro som. Ha é a última. Cada um deles é um nome de Īśvara. Assim, você escolhe um nome e o repete 108 vezes, simbolizando que você repetiu todos os nomes de Īśvara, do primeiro ao último.

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A japamālā é o terço de meditação que usamos no Yoga para contar mantras ou respirações nas práticas. Ele começa no meru, a 109a. ou a 55a. conta, que se usa para contar as repetições.

Há uma expressão inglesa, “tell the beads” (dizer as contas) muito bonita, que se aplica perfeitamente à esta prática de japa. Você faz uma vez o mantra (mentalmente, em voz baixa ou alta, dependendo do caso) e move uma conta em sua direção.

O indicador não toca a mālā. Você a segura com os dedos anular e mínimo, impedindo que toque no chão.

Algumas pessoas rodam a mālā dentro de uma bolsa de pano, justamente para impedir que ele encoste no chão.

O dedo médio, com a ajuda do polegar, é usado para fazer o movimento de girar a mālā a cada repetição do mantra que você estiver fazendo.

Girar as contas e fazer o mantra são ações que se fazem sincronizadamente, como quando você diz Oṁ namaḥ Śivāya, Oṁ namaḥ Śivāya, Oṁ namaḥ Śivāya, girando as contas uma a uma em sua direção a cada repetição do mantra.

Tipos de japamālā

A japamālā de tulasi (manjericão) é associado com Viṣṇu. O tulasi é muito bom para curar problemas nos rins. Há dois tipos, o verde e o roxo.

O que é associado com Kṛṣṇa é este último, por causa da cor, e é o que tem maiores propriedades medicinais. Com os talos desse arbusto, cortados em pequenas seções, fazem-se as mālās que são tão populares entre os vaiṣṇavas.

japamālā

O problema é que tem que matar a planta para fazer a mālā. Se ela secou, no fim do seu ciclo vital, você pode usá-la sem problemas.

Comprar mālās de tulasi vendidos comercialmente não é uma boa ideia, pois eles carregam hiṃsā, violência, já que as plantas foram mortas com o propósito de fazer essas mālās.

Depois há mālās de cristal e de rudrakṣa. As pessoas na Índia usam o mālā de sphatika, cristal, para ter clareza.

Esta associado com Sarasvatī, a deusa do conhecimento. E usam rudrakṣa para mokṣa, liberdade, que é o objetivo do Yoga.

Para fazer mālās de rudrakṣa não há necessidade de cortar as árvores, visto que o rudrakṣa é um fruto que cai naturalmente quando está maduro. O nome rudrakṣa significa “lágrima de Śiva”.

Esse fruto não flutua. Para saber se uma mālā é mesmo feita dessa fruta, coloque ele na água. Se afundar, é rudrakṣa autêntico.

Os rudrakṣas duram séculos. São passados tradicionalmente de geração para geração.

Dessa maneira, é como se os filhos ou estudantes herdassem o resultado do japa do pai ou do professor.

Por que as mālās têm 108 contas?

O sânscrito tem 54 letras. Ascendendo e descendendo, de a para ha e de ha para a, temos 108 sons.

A é a primeira letra, o primeiro som. Ha é a última. Cada um deles é um som de Īśvara. Cada palavra é Īśvara.

Todas as palavras em sânscrito estão entre o som a e o som ha, em diferentes arranjos.

Assim, você escolhe um nome de Īśvara e o repete 108 vezes, simbolizando que você repetiu todos os sons, todos os nomes de Īśvara, do a ao ha, do primeiro ao último.

Isso equivale a fazer um pradakṣiṇa, uma circunvolução ritual num templo, num lugar de peregrinação, o que por sua vez equivale a fazer um passeio ritual pelo cosmos.

Os mantras devem ser aprendidos de um guru?

Não necessariamente. Você pode aprender com um professor também. Mas dê preferência a aprender com quem tenha praticado muito e conheça o significado correto do mantra que vai lhe ensinar.

Há diferentes tipos de mantras. Há preces como os śāntiḥ paṭhas, as invocações de paz.

Também há outros mantras que se usam para o upāsana, como Oṁ namaḥ Śivāya, que não deixam de ser preces mas funcionam também como suporte para a meditação.

As preces védicas devem ser recitadas corretamente. Toda forma de prece é boa. Não há necessidade de comparar umas com as outras.

॥ हरिः ॐ ॥ 

+ sobre mantras aqui

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Veja também este artigo (em inglês)
sobre a japamālā  na Yoga Journal

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Swāmi Dayānanda Saraswatī (1930-2015) ensinou a sabedoria tradicional do Vedanta por cinco décadas, na Índia e em todo o mundo. Seu sucesso como professor é evidente no sucesso dos seus alunos: mais de 100 deles são agora Swāmis, altamente respeitados como estudiosos e professores.

Dentro da comunidade hindu, ele trabalhou para criar harmonia, fundando o Hindu Dharma Acharya Sabha, onde chefes de diferentes seitas podem se reunir para aprender uns com os outros.

Na comunidade religiosa maior, ele também fez grandes progressos em direção à cooperação, convocando o primeiro Congresso Mundial para a Preservação da Diversidade Religiosa.

No entanto, o trabalho de Swāmi Dayānanda não se limitou à comunidade religiosa. Ele é o fundador e um membro executivo ativo do All India Movement (AIM) for Seva.

Desde 2000, a AIM vem trazendo assistência médica, educação, alimentação e infraestrutura para as pessoas que vivem nas áreas mais remotas da Índia.

Havendo crescido em uma pequena vila rural, ele próprio entendeu os desafios particulares de acessar a ajuda enfrentada por pessoas de fora das cidades. Hoje, o AIM for Seva estima ter ajudado mais de dois milhões de pessoas necessitadas em todo o território indiano.

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5 respostas para “Como Usar a Japamālā”

  1. Olá, Gostaria de saber se ministram curso para confecção do japamala. Aguardo e agradeço.

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